Série de documentários realizados por Alceu Maynard de Araújo, escritor e estudioso da cultura popular brasileira, para a extinta TV Tupi, produzidos na década de 1950 com a preocupação de retratar e preservar muitas das tradições populares brasileiras, além de conformar um retrato de época do ponto de vista econômico e social.
"Alceu viu, na televisão nascente, um meio capaz de divulgar, com eficiência, as tradições do povo: artes e técnicas populares, ritos, música, recreação, danças, festas e lendas que o Brasil possui em grande número e com enorme variedade de norte a sul. [Para ele] os povos que as olvidam e menosprezam perdem a consciência do seu próprio destino."
(Mário Fanucchio. Nossa Próxima Atração: o interprograma no Canal 3. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1996).
A série VEJA O BRASIL foi realizada para a exibição na PRF-3, TV Tupi. O responsável por sua concepção foi o renomado estudioso do folclore brasileiro Alceu Maynard Araújo (Piracicaba 1913 – São Paulo 1974), autor de diversos estudos, entre eles, Populações Ribeirinhas do Baixo São Francisco (1961) e Folclore Nacional (1964). Maynard Araújo foi aluno, professor e também diretor-geral da Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Foi ainda professor da Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas da Universidade de São Paulo e da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Em 1964, foi eleito para a Academia Paulista de Letras.
Durante a década de 1950, dirigiu as filmagens, fez os roteiros e as locuções de cada episódio da série, além de supervisionar a montagem. Neste mesmo período passa a frequentar a Filmoteca do Museu de Arte Moderna de São Paulo (Cinemateca Brasileira), na rua 7 de Abril, no centro de São Paulo. O contato com cineastas e cinéfilos que frequentavam o prédio dos Diários Associados, onde funcionava a Filmoteca, além da equipe de produçaõ da TV TUPI foi fundamental para Maynard na divulgação de seus filmes. Em 11 de outubro de 1950 deu-se a estreia da Série na grade da TV TUPI.
Preocupado em preservar as tradições populares, sobretudo as paulistas, procurou por meio da recém-surgida televisão divulgar a variedade da cultura brasileira. Os curtos programas, cuja abertura ostentava o Cruzeiro do Sul ao som da Asa Branca, marcaram época na televisão e hoje constituem importante registro do patrimônio audiovisual nacional. Os filmes contemplam inúmeras práticas da cultura popular como ritos, danças, costumes, elementos da vida material, assim como monumentos e cidades históricas.
Ao todo foram realizados 126 filmes, mas nem todos chegaram aos nossos dias. Seu acervo composto por livros, obras raras, literatura de cordel, periódicos, filmes, microfilmes, slides, negativos, fitas de gravador, fotografias e gravuras foi doado pela família para a Biblioteca Mário de Andrade na década de 1970. Os filmes em 16mm integrantes do acervo, por sua vez, foram encaminhados pela Biblioteca para a Cinemateca Brasileira. Estão disponíveis no BCC 46 títulos recuperados pela Cinemateca Brasileira no âmbito Programa de Restauro da Cinemateca Brasileira - Petrobrás Edição 2007.